GERAÇÃO DE PIONEIRAS AJUDOU A ELEVAR A SELEÇÃO BRASILEIRA A POSIÇÕES DOMINANTES NO CENÁRIO SUL-AMERICANO
“EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ ENFRENTANDO MUITO PRECONCEITO AGORA, MAS VAI CHEGAR UMA ÉPOCA EM QUE VOCÊ VAI PODER JOGAR FUTEBOL E INSPIRAR OUTRAS MENINAS”. ESSAS FORAM AS PALAVRAS QUE MÁRCIA TAFFAREL OUVIU DA MÃE QUANDO, HÁ 34 ANOS, DISPUTAVA A PRIMEIRA COPAS AMÉRICA FEMININA DA HISTÓRIA. HOJE, AOS 57 ANOS, A EX-JOGADORA VÊ SUA TRAJETÓRIA COMO PARTE FUNDAMENTAL DA CONSTRUÇÃO DO FUTEBOL FEMININO NO CONTINENTE.
EM 1991, QUANDO O BRASIL SEDIOU A EDIÇÃO INAUGURAL DO TORNEIO EM MARINGÁ (PR), O CENÁRIO ERA BEM DIFERENTE DO ATUAL. APENAS TRÊS SELEÇÕES PARTICIPARAM: BRASIL, CHILE E VENEZUELA. MÁRCIA, ADRIANA (ARTILHEIRA COM 4 GOLS) E OUTRAS PIONEIRAS ENFRENTARAM NÃO SÓ AS ADVERSÁRIAS EM CAMPO, MAS TAMBÉM UMA SOCIEDADE QUE AINDA VIA COM MAUS OLHOS MULHERES JOGANDO FUTEBOL.
O INÍCIO DE TUDO
ENQUANTO A COPAS AMÉRICA MASCULINA EXISTIA DESDE 1916, O FUTEBOL FEMININO SÓ GANHOU SUA PRIMEIRA EDIÇÃO OFICIAL 75 ANOS DEPOIS. MÁRCIA LEMBRA COM EMOÇÃO DOS TEMPOS EM QUE JOGAVA COM MENINOS NAS RUAS DE BENTO GONÇALVES (RS): “MINHA MÃE SEMPRE BATIA DE FRENTE QUANDO DIZIAM QUE EU NÃO PODIA JOGAR”.
ADRIANA, OUTRA GRANDE NOME DESSA GERAÇÃO, COMPLEMENTA: “ERA UMA ÉPOCA DE TRANSIÇÃO, QUANDO O ESPORTE COMEÇAVA A SAIR DO AMADORISMO”. A ARTILHEIRA TEVE UMA TRAJETÓRIA DIFERENTE, JOGANDO PELA UNIVERSIDADE NOS ESTADOS UNIDOS, ONDE ENCONTROU ESTRUTURA QUE AINDA NÃO EXISTIA NO BRASIL.
AS DÉCADAS DE SECA
APÓS OS PRIMEIROS PASSOS, O FUTEBOL FEMININO ENFRENTOU ANOS DE DIFICULDADES. MÁRCIA PRECISOU CONCILIAR A CARREIRA NO RADAR (MELHOR TIME DO BRASIL NA ÉPOCA) COM TRABALHO EM UM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO. SÓ EM 1997, QUANDO FOI PARA O CORINTHIANS, PÔDE SE DEDICAR INTEGRALMENTE AO ESPORTE.
ENQUANTO ISSO, NOVAS ESTRELAS COMEÇAVAM A SURGIR. SISSI, MARTA E FORMIGA LEVARAM ADIANTE O LEGADO DESSAS PIONEIRAS, MAS AINDA ERA RARO VER JOGADORAS QUE CONSEGUISSEM VIVER DO FUTEBOL.
O FUTURO QUE ELAS SEMEARAM
HOJE, MORANDO NOS ESTADOS UNIDOS, MÁRCIA E ADRIANA ASSISTEM COM ORGULHO AO CRESCIMENTO DO ESPORTE. A COPAS DO MUNDO 2027 NO BRASIL PROMETE SER UM MARCO: “TENHO CERTEZA ABSOLUTA DE QUE VAI SER UM SUCESSO, PORQUE A GENTE TEM FUTEBOL NO SANGUE”, AFIRMA MÁRCIA.
PARA ESSAS PIONEIRAS, PORÉM, AINDA HÁ UM LONGO CAMINHO: “A GENTE NÃO DEVE CHAMAR FUTEBOL FEMININO, FUTEBOL MASCULINO. TEM QUE CHAMAR SÓ DE FUTEBOL”, DEFENDE MÁRCIA, MOSTRANDO QUE A LUTA POR IGUALDADE CONTINUA – ASSIM COMO O LEGADO QUE ELAS COMEÇARAM A CONSTRUIR NAQUELA HISTÓRICA COPAS AMÉRICA DE 1991.
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