Cantora baiana deixa saudades e um exemplo de resiliência após dois anos e meio de batalha contra um câncer de intestino; família e fãs se despedem da eterna estrela da música brasileira
Era uma tarde de domingo em Nova York quando o Brasil perdeu um de seus maiores ícones da cultura popular. Preta Gil, a artista que transformou sua batalha contra o câncer em um manifesto de vida, nos deixou aos 50 anos, deixando um vazio impossível de medir na música brasileira. Filha do legendário Gilberto Gil, ela não viveu à sombra do pai – construiu uma carreira singular, marcada por hits inesquecíveis e uma coragem que inspira gerações.
A notícia da morte chegou como um choque, mesmo para quem acompanhava de perto sua luta contra um câncer de intestino diagnosticado em janeiro de 2023. Segundo informações da equipe da artista, Preta estava a caminho do aeroporto para retornar ao Brasil quando passou mal. Uma ambulância foi acionada, mas não houve tempo. A estrela que brilhou com tanta intensidade se apagou na cidade que nunca dorme, longe de sua amada Bahia, mas cercada pelo amor de seus mais próximos.
UMA LUTA QUE INSPIROU O PAÍS
Preta transformou seu diagnóstico público em uma lição de resiliência. Quando descobriu o tumor no reto após sentir “sangue escorrendo pelas pernas”, como contou à Ana Maria Braga, não escondeu a dor, mas tampouco permitiu que a doença definisse quem ela era. Sua conta no Instagram virou um diário aberto – das sessões de quimioterapia às pequenas vitórias, como quando conseguiu curtir o Carnaval de Salvador do camarote da família em fevereiro deste ano.
Apesar da remissão inicial, o câncer voltou com força em agosto de 2024, metastizando para o peritônio. A cirurgia de 30 horas que enfrentou em dezembro – e que resultou na amputação do reto – foi apenas um capítulo dessa batalha épica. “Vou voltar curada, se Deus quiser”, prometeu ao embarcar para os EUA em maio, onde buscava um tratamento experimental. Sua voz, sempre tão potente, ecoava esperança até o fim.
MÚSICA, LEGADO E UMA FAMÍLIA DE ESTRELAS
Nascida em um “berço esplêndido” – filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, sobrinha de Caetano Veloso, afilhada de Gal Costa -, Preta demorou a assumir seu lugar nos palcos. Aos 29 anos, venceu os medos e presentou o Brasil com sucessos como “Sinais de Fogo” e “Vá se Benzer”. Antes da música, foi publicitária de sucesso e sócia de uma das maiores agências de marketing de influência do país.
Seu maior orgulho, porém, estava em casa: Francisco, seu filho de 30 anos com Otávio Muller, que segue os passos musicais da família no grupo Gilsons. Foi para ele, e para todos que amou, que Preta deixou sua última grande lição: a de que a vida, mesmo quando difícil, vale cada nota, cada riso, cada lágrima.
O ADEUS DE UMA NAÇÃO
Nas redes sociais, a comoção foi imediata. De fãs anônimos a celebridades como Ivete Sangalo e Anitta, todos lembravam da Preta que cantava, dançava e lutava com igual intensidade. Gilberto Gil, seu eterno “paizão”, ainda não se manifestou publicamente – a dor de perder uma filha é incomensurável.
Enquanto hospitais no Brasil e nos EUA guardam as memórias de suas batalhas, são os palcos que melhor a lembram: aqueles onde, mesmo debilitada, subiu para cantar com o pai em abril passado, em um momento tão frágil quanto belo. Preta se foi, mas como toda grande estrela, seu brilho permanece – nas músicas, na coragem e no amor que deixou como legado.
PRETA GIL (1974-2025)
Cantora, compositora, atriz e empresária brasileira
Mãe de Francisco Gil
Deixa um legado de 5 álbuns e incontáveis fãs pelo mundo
PARA SABER MAIS:
• A trajetória musical de Preta Gil
• Como o câncer de intestino afeta milhares de brasileiros
• Os últimos momentos da artista nos EUA
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