
Envio obrigatório de informações fiscais pode desviar recursos de inovação e favorecer grandes bancos
A recente norma da Receita Federal que exige o envio de informações detalhadas das movimentações financeiras das fintechs tem gerado preocupações no setor. Segundo especialistas, a medida impõe investimentos significativos em tecnologia e pessoal para compliance e monitoramento, desviando recursos essenciais de áreas estratégicas como inovação, marketing e expansão da base de clientes.
Essa pressão atinge principalmente fintechs menores e de nicho, que podem ter dificuldades para absorver os custos adicionais, enquanto os grandes bancos, com maior estrutura, saem em vantagem competitiva.
O impacto operacional para fintechs
A obrigatoriedade de envio de dados financeiros obriga as fintechs a investir em:
- Sistemas de monitoramento e integração com a Receita;
- Equipe especializada em compliance e análise de riscos;
- Atualização de protocolos de segurança e criptografia para proteger informações sensíveis.
Para startups e empresas de nicho, esses custos podem representar uma parcela significativa do orçamento, reduzindo a capacidade de inovar e de oferecer produtos mais acessíveis para clientes.
Barreiras de entrada e concentração de mercado
Especialistas apontam que a medida pode gerar barreiras de entrada para novas fintechs e empresas digitais. Com o aumento de custos de operação e compliance, o cenário tende a favorecer bancos tradicionais e grandes players, que já possuem infraestrutura robusta e equipes de compliance estabelecidas.
“Fintechs menores terão mais dificuldades para competir em um mercado que exige integração complexa de dados e compliance contínuo. Isso pode reduzir a diversidade de soluções financeiras disponíveis para o público”, explica um especialista do setor.
efeito sobre inovação e clientes
A pressão sobre infraestrutura e operação impacta diretamente a inovação e o atendimento ao cliente:
- Recursos que antes eram destinados a desenvolvimento de novos produtos podem ser redirecionados para atender exigências fiscais;
- Campanhas de marketing e expansão de base de clientes podem ser limitadas;
- Serviços gratuitos ou de baixo custo podem ser afetados, prejudicando inclusão financeira de população de menor renda.
Em resumo, a norma aumenta a carga operacional e financeira das fintechs, podendo reduzir a agilidade e competitividade do setor.
Perspectiva do mercado
Associações do setor, como ABFintechs e Associação PAGOS, destacam que a medida não considera as diferenças estruturais entre fintechs e bancos. Segundo elas, a equiparação tributária e de compliance é desproporcional, pois empresas menores não têm os mesmos recursos e acabam sendo pressionadas a cumprir exigências que comprometem o crescimento.
Para especialistas, é necessário equilibrar fiscalização e inovação, garantindo que a segurança e a transparência do sistema financeiro não comprometam a competitividade e a diversidade do setor digital.
Caminhos para mitigar os impactos
Algumas medidas sugeridas pelo setor para reduzir o impacto incluem:
- Regulação proporcional, adaptada à estrutura e porte das fintechs;
- Suporte tecnológico e orientação da Receita para facilitar integração de sistemas;
- Flexibilidade gradual na exigência de envio de dados, priorizando volumes agregados ao invés de detalhes individuais.
O objetivo é permitir que fintechs continuem inovando e oferecendo soluções acessíveis, sem abrir brechas para fraudes ou lavagem de dinheiro.
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