
O Irã é um dos poucos países do mundo que se define como uma república islâmica, combinando elementos religiosos e democráticos em um sistema político único – e muitas vezes contraditório. Neste artigo, exploraremos a estrutura do governo iraniano, os principais órgãos de poder e como o Líder Supremo controla o país, mesmo com a existência de um presidente eleito.
1. Introdução ao Sistema Político do Irã
O Irã é governado por uma teocracia islâmica xiita, estabelecida após a Revolução Iraniana de 1979, que derrubou a monarquia do Xá Reza Pahlavi. Sua Constituição mistura:
- Instituições eleitas (como a Presidência e o Parlamento).
- Órgãos religiosos não eleitos (como o Líder Supremo e o Conselho dos Guardiães).
Principais Características:
✔ Estado teocrático: As leis devem seguir a Sharia (lei islâmica).
✔ Controle clerical: Religiosos têm poder de veto sobre decisões políticas.
✔ Eleições limitadas: Candidatos são filtrados por critérios religiosos.
2. O Líder Supremo (Ayatollah Khamenei) – O Poder Real
O Líder Supremo (atualmente Ayatollah Ali Khamenei) é a autoridade máxima no Irã, acima até do presidente.
Seus Poderes Incluem:
- Comandar as Forças Armadas e decidir sobre guerra e paz.
- Nomear juízes, líderes da TV estatal e comandantes da Guarda Revolucionária.
- Vetar leis que considera contrárias ao Islã.
- Declarar fatwas (decretos religiosos com força de lei).
Ele é escolhido por um Conselho de Especialistas (composto por clérigos), mas na prática, o cargo tem sido vitalício.
3. O Presidente do Irã – Um Poder Limitado
O presidente (atualmente Ebrahim Raisi) é eleito por voto popular, mas seu poder é restrito:
Funções do Presidente:
- Administrar o governo e a economia.
- Representar o Irã em fóruns internacionais.
- Indicar ministros (com aprovação do Parlamento).
Limitações:
- Precisa seguir as orientações do Líder Supremo.
- Seus candidatos são pré-aprovados pelo Conselho dos Guardiães.
4. O Parlamento (Majlis) – Legislativo Sob Controle
O Parlamento iraniano tem 290 membros eleitos, mas sua atuação é limitada:
- Todas as leis devem ser aprovadas pelo Conselho dos Guardiães.
- Candidatos são filtrados para garantir alinhamento com o regime.
5. O Conselho dos Guardiães – O “Filtro” do Regime
Este conselho de 12 membros (6 clérigos e 6 juristas) tem poderes cruciais:
- Aprova ou rejeita candidatos a presidente, Parlamento e Conselho de Especialistas.
- Pode vetar leis que considera “não islâmicas”.
Exemplo de Controle:
Nas eleições de 2021, o Conselho barrou centenas de candidatos, incluindo moderados e reformistas.
6. A Guarda Revolucionária (IRGC) – O Braço Armado do Regime
Além do Exército regular, o Irã tem a Guarda Revolucionária (IRGC), que:
- Responde diretamente ao Líder Supremo.
- Controla setores econômicos e milícias no exterior (como o Hezbollah).
- Reprime protestos internos.
Poder Econômico:
A IRGC controla empresas de petróleo, construção e bancos, movimentando bilhões.
7. Conclusão: Uma Democracia Aparente
O governo do Irã é um sistema híbrido entre eleições e controle religioso, onde:
- O Líder Supremo tem o poder real.
- O presidente e o Parlamento têm autoridade limitada.
- Órgãos não eleitos (como o Conselho dos Guardiães) garantem a ortodoxia islâmica.
Apesar de ter eleições, o Irã é considerado uma ditadura religiosa, onde dissidentes são perseguidos e a oposição é sufocada.
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