
Associação PAGOS e entidades alertam que norma pode onerar serviços e prejudicar inclusão financeira no Brasil
A recente equiparação tributária entre fintechs e bancos tradicionais, determinada pela Receita Federal, tem gerado repercussão negativa no setor financeiro digital. Entidades como Associação PAGOS, ABFintechs, Zetta e ABIPAG afirmam que a medida pode comprometer a inovação, o baixo custo e a inclusão financeira que caracterizam o modelo de negócios das fintechs.
Segundo estudos do Monitor do Mercado, a equiparação poderia aumentar em até 18% os custos de capital das instituições de pagamento, impactando serviços gratuitos e a oferta de soluções acessíveis para milhões de brasileiros.
Por que fintechs temem a equiparação tributária
O principal argumento das entidades é que fintechs e bancos não são estruturas equivalentes. Enquanto bancos tradicionais operam com depósitos à vista, redes próprias e uma base sólida de capital, as fintechs funcionam com modelos mais enxutos e digitais.
Essa diferença estrutural torna a aplicação das mesmas obrigações tributárias mais pesada e complexa, podendo afetar a competitividade e a capacidade de inovação.
Insegurança jurídica e afastamento de investimentos
A advogada Elidie, especialista em direito financeiro, reforça que a tentativa de equiparar instituições de pagamento a bancos não está prevista na Lei 4.595/1960, que regula o sistema financeiro nacional.
Ela alerta que a medida gera insegurança jurídica, o que pode afastar investidores e reduzir o interesse em startups e empresas digitais que oferecem serviços essenciais a baixo custo.
“A tributação excessiva sobre fintechs pode inviabilizar modelos inovadores e comprometer a inclusão financeira no país”, afirma Elidie.
Impactos práticos para o consumidor
Embora a medida se concentre na tributação e compliance, os efeitos podem chegar ao consumidor final:
- Serviços gratuitos ou de baixo custo podem encarecer;
- Inovação em produtos financeiros pode diminuir, limitando novas soluções digitais;
- Inclusão financeira de população de baixa renda pode ser prejudicada.
Ou seja, a decisão afeta diretamente a acessibilidade e conveniência que as fintechs trouxeram ao sistema financeiro brasileiro.
Reação do mercado
Empresas do setor reforçam que a norma não impede o funcionamento das fintechs, mas cria um ambiente mais custoso e regulatório, que pode reduzir o ritmo de crescimento.
A Associação PAGOS e outras entidades defendem que o equilíbrio regulatório deve ser mantido: garantir transparência e combate a crimes financeiros sem prejudicar a inovação e a inclusão.
Especialistas do mercado ressaltam que a inovação das fintechs é responsável por democratizar o acesso a serviços financeiros, algo que seria prejudicado caso a equiparação tributária avance de forma plena.
Caminhos possíveis
Para especialistas e advogados, a solução passa por:
- Ajustes legislativos que reconheçam as diferenças entre bancos e fintechs;
- Regulação proporcional, que combine fiscalização e incentivo à inovação;
- Diálogo contínuo entre Receita, BC e entidades do setor para evitar impactos negativos.
O objetivo seria manter o crescimento do mercado digital, sem abrir brechas para sonegação ou lavagem de dinheiro, equilibrando segurança e competitividade.
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