
Sobretaxa de 35% ameaça liderança histórica do Brasil no mercado global de suco, com prejuízos que podem chegar a US$ 1,2 bilhão já na próxima safra
Os pomares de laranja de São Paulo e Minas Gerais, que há décadas abastecem os cafés da manhã americanos, enfrentam sua maior crise desde a geada negra de 1994. A nova tarifa de 35% imposta por Donald Trump sobre o suco de laranja brasileiro pode transformar radicalmente o mapa global do setor – e deixar um rastro de desemprego e falências no cinturão citrícola brasileiro.
O GOLPE NO CORAÇÃO DA CITRICULTURA
Com 76% do mercado americano, o Brasil exporta anualmente:
- 1,2 milhão de toneladas de suco concentrado
- US$ 2,3 bilhões em divisas
- 85% da produção de laranjas do estado de São Paulo
“A tarifa chega no pior momento possível”, desabafa José Eduardo Mendes, produtor de Itápolis (SP). Os custos já haviam subido 22% em 2024 por causa da greening (doença que devastou pomares), e agora os preços de venda despencarão:
💰 Antes: US$ 1.800 por tonelada
💰 Com tarifa: US$ 1.170 (-35%)
EFEITO DOMINÓ NA CADEIA PRODUTIVA
O impacto vai muito além das exportadoras:
- 50 mil pequenos produtores podem abandonar a atividade
- Fábricas de embalagens já reduzem produção
- Transportadores preveem queda de 40% na demanda
Em Matão (SP), onde 60% da economia depende da citricultura, o prefeito alerta: “Estamos diante de uma catástrofe social iminente”.
PARA ONDE VAI O MERCADO?
Analistas projetam 3 cenários:
1️⃣ EUA aumentará compras da Flórida (30% mais caro) e México
2️⃣ Europa pode se tornar o principal destino, mas paga 15% menos
3️⃣ China emerge como opção, mas exige adaptação a novos padrões
“Perderemos competitividade justamente quando África do Sul e México ampliam seus pomares”, alerta o economista agrícola Marcos Fava Neves.
RESPOSTAS EMERGENCIAIS
O setor se mobiliza com:
✅ Plano de diversificação para suco não-concentrado (menos taxado)
✅ Aceleração do acordo Mercosul-UE
✅ Subsídios estaduais para irrigação contra o greening
Mas o tempo é curto: a próxima safra começa em maio, e muitos produtores já consideram substituir laranjas por:
- Cana-de-açúcar
- Soja
- Eucalipto
O FUTURO DA LARANJA BRASILEIRA
Enquanto isso, nas ruas de Santos, onde os tanques de suco embarcam para o mundo, o clima é de apreensão. “Meu avô, meu pai e eu trabalhamos nisso”, diz o operário portuário Carlos Roberto. “Agora não sei se meu filho terá a mesma chance.”
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