
Bianca, criança com autismo de Curitiba, perdeu a vida em acidente que reacende debate sobre segurança em parques naturais; família estava presente no momento da queda
A paisagem deslumbrante do Cânion Fortaleza, em Cambará do Sul (RS), foi palco de uma tragédia que cortou o coração do Brasil nesta quinta-feira (10). Bianca, uma menina de 11 anos com transtorno do espectro autista, morreu após cair de um mirante sem proteção durante um passeio com os pais, turistas de Curitiba. O corpo foi encontrado pelos bombeiros após 10 horas de buscas extenuantes em um penhasco de 70 metros de altura, onde não havia qualquer vegetação para amortecer a queda.
O Acidente que Chocou o País
Por volta das 13h, a família caminhava em direção a um banco no mirante quando Bianca, em um movimento rápido característico de algumas crianças no espectro autista, saiu correndo. O pai tentou segurá-la, mas não conseguiu evitar que a pequena ultrapassasse a borda desprotegida do cânion. Testemunhas relataram o desespero dos pais, que imediatamente acionaram o serviço de emergência.
Equipes especializadas dos Bombeiros de Canela, Gramado e Porto Alegre trabalharam contra o tempo e as condições climáticas adversas. Um drone auxiliou na localização do corpo às 17h30, mas o resgate só foi concluído às 23h, quando os profissionais confirmaram o óbito usando técnicas de rapel em meio à escuridão.
Falta de Proteção: Uma Ameaça Conhecida
O mirante onde ocorreu o acidente não possui grades ou cercas de proteção, uma omissão que já foi criticada por visitantes em avaliações online. “É assustador ficar perto da borda, principalmente com crianças”, escreveu um turista em plataforma de viagens em 2024. O secretário de Turismo de Cambará do Sul, Andrews Mohr, reconheceu a necessidade de revisão das medidas de segurança, mas destacou que “a natureza intocada é parte da experiência do parque”.
Especialistas em turismo sustentável rebatem:
- “Parques no mundo todo equilibram experiência e segurança. Não é aceitável arriscar vidas por uma falsa ideia de ‘natureza pura'” – Claudia Porto, geógrafa.
- “Crianças com autismo requerem ambientes adaptados. Falhou a família, mas falhou principalmente o poder público” – Dr. Marcos Vinicius, neuropediatra.
Reações e Homenagens
O governador Eduardo Leite (PSD) gravou vídeo emocionado: “Bianca nos deixou hoje, mas seu nome permanecerá em nossa memória como um alerta”. Nas redes sociais, a hashtag #ProtejaNossasCrianças viralizou com relatos de outros pais sobre situações de risco em parques nacionais.
Enquanto a Polícia Civil e o IGP iniciam as investigações, a administração do Parque Nacional da Serra Geral anunciou que “avalia medidas emergenciais”, sem especificar quais. Para a família de Bianca, restam as lembranças de uma viagem que começou com alegria e terminou em luto – e para o Brasil, mais um caso que questiona até onde vai nossa responsabilidade coletiva pela segurança de locais turísticos.
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